Itália,
Alemanha e Brasil
Em 2013, fui com a família visitar os
países dos antepassados da minha mulher Eldi Willms, Alemanha e Polônia. De
quebra, demos uma pulo na República Tcheca, onde estudei de 1989 a 1992.
Na fila para visitar o campo de concentração
de Auschwitz, um casal de italianos sentava o pau em Angela Merkel, a
primeira-ministra alemã.
Era época de crise fiscal no sul da
Europa: a dívida pública explodiu nos “PIIGS”: Portugal, Itália, Irlanda*,
Grécia e Espanha.
Alguns líderes daqueles países pediam o
relaxamento das regras da União Europeia e recebiam um sonoro “Nein” da Frau
Merkel.
Em Berlim, contei a história a um casal
de amigos, sendo ele um alemão. Ele riu.
O meu amigo berlinense disse-me que o
alemão ganha mais que o italiano, porém paga mais impostos e tem serviços
públicos de melhor qualidade.
E que os políticos italianos não tinham
capacidade para convencer os seus eleitores a pagar mais impostos.
Na Itália, como no Brasil, há setores que
não querem pagar impostos e adoram mamar nas tetas do Estado.
Foi um governo de centro-esquerda,
formado pelo Partido Social Democrata e pelos Verdes, que realizou as reformas
social-trabalhista e previdenciária na Alemanha.
A Alemanha atuou nas duas pontas: manteve
a arrecadação e adaptou o gasto público às novas realidade do país e do mundo
globalizado.
As reformas empreendidas pelo
primeiro-ministro Gerhard Schröder, de 1998 a 2005, causaram controvérsias e um
racha no seu próprio partido.
Seu defensores dizem que elas prepararam
a Alemanha para o crescimento econômico que se verificou posteriormente. O país
tem uma baixa taxa de desemprego e estabilidade econômica. É um forte pilar da
UE.
Seus críticos à esquerda apontam o outro
lado da moeda: a precarização da força de trabalho. Talvez ambos os lados
tenham razão e seja preciso uma solução para o problema apontado principalmente
pelos sindicatos.
O Emmanuel Macron da Itália, o jovem
Matteo Renzi, primeiro-ministro de 2014 a 2016, do Partido Democrático, também
de centro-esquerda, tentou realizar reformas no país, mas não obteve o mesmo
consenso que o seu colega alemão.
E a Itália continua a viver suas
dificuldades políticas e econômicas.
Cláudio de Oliveira é jornalista e
cartunista, autor do livro “Lenin, Martov, a Revolução Russa e o Brasil”.
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* A Irlanda está ao norte do Velho
Continente.
Na foto, o social-democrata Gerhard
Schröder, do SPD, e Joseph "Joschka" Fischer, dos Verdes, a chamada
“Aliança Verde-Vermelha” que governou a Alemanha de 1998 a 2005.