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Quem liderará a centro-esquerda brasileira?
Com a derrota de
Fernando Haddad, o encarceramento do ex-presidente Lula e a alta rejeição ao PT
nos grandes centros urbanos, abriu-se uma disputa pela liderança da
centro-esquerda brasileira.
Três blocos parecem se
posicionar nessa disputa:
1 - PT
O partido conseguiu
eleger a maior bancada de deputados, 56 num total de 513 de nosso fragmentado
parlamento. Elegeu 6 senadores e 4 governadores.
O PT é dos poucos
partidos a contar com uma militância, é bem estruturado nacionalmente e tem
capilaridade na sociedade civil.
Porém, sua liderança
foi reprovada pela maioria dos eleitores e passou a ser contestada por antigos
aliados.
2 - O Bloco
PSB-PDT-PCdoB
O PSB manteve-se como
partido médio ao eleger 32 deputados, 2 senadores e 3 governadores.
Chegou ao 2º turno em
São Paulo com Márcio França, que arrancou de 3% nas pesquisas para 48,2% dos
votos válidos.
O partido tenta se
desprender da órbita do PT. Lançou Anthony Garotinho à Presidência em 2002 e
Eduardo Campos em 2014.
O pernambucano, apesar
de pouco conhecido, partia com 9% nas pesquisas em agosto de 2014, quando foi
vítima de um acidente de avião.
PDT
O PDT do candidato Ciro
Gomes elegeu 28 deputados, 4 senadores e 1 governador.
Quando era presidido
por Leonel Brizola, rompeu com Lula ainda em 2003.
Em 2006, lançou a
candidatura à Presidência do senador Cristovam Buarque.
PCdoB
O PCdoB fez 9 deputados
e reelegeu o governador do Maranhão, Flávio Dino.
Ensaiou lançar a candidatura de Manuela D'ávila à Presidência, mas se compôs com o PT.
Ensaiou lançar a candidatura de Manuela D'ávila à Presidência, mas se compôs com o PT.
PSB, PDT e PCdoB criaram
um bloco parlamentar conjunto em 2007 e prometem repetir a dose.
Em algumas cidades importantes,
como Recife e Belo Horizonte, atuaram conjuntamente nas eleições municipais de
2008, 2012 e 2016, tendo como principal oponente o PT.
3 – O Bloco PPS-PV-Rede
O PPS fez 8 deputados e
o PV 4. A Rede de Marina Silva elegeu apenas um representante na Câmara, mas
conseguiu eleger 5 senadores e o PPS fez 2.
PPS
O PPS lançou Ciro Gomes
a Presidência em 1998 e 2002. Deixou o governo Lula ainda em 2004, antes do
mensalão.
Em 2014, coligou-se ao PSB em apoio a Eduardo Campos.
Em 2014, coligou-se ao PSB em apoio a Eduardo Campos.
Agora em 2018, ensaiou
lançar Cristovam Buarque e depois o apresentador Luciano Huck. Por fim,
participou da coligação de Geraldo Alckmin, do PSDB.
PV e Rede
O PV lançou Marina em
2010 e Eduardo Jorge em 2014. Agora em 2018, aliou-se a Marina, candidata da
Rede, que amargou 1% dos votos.
Os dirigentes do PPS,
PV e Rede já anunciaram a intenção de criar um novo partido juntando as três
legendas.
PSDB
Uma incógnita é o
posicionamento do PSDB, um partido originariamente de centro-esquerda e que
hoje está mais perto do centro politico. O PSDB elegeu 29 deputados, 8
senadores e 3 governadores.
Oposição
Que tipo de oposição
farão todos esses partidos?
No discurso de Haddad
após a derrota, o PT sinalizou que fará oposição às reformas do Estado, como
fez nos governos FHC e Temer.
O partido opô-se também a reformas propostas pelos ministros Joaquim Levy e Nelson Barbosa no segundo governo Dilma.
O partido opô-se também a reformas propostas pelos ministros Joaquim Levy e Nelson Barbosa no segundo governo Dilma.
Ciro Gomes declarou que
buscará uma frente democrática para se opor a Bolsonaro. Nessa frente incluiu PSDB,
DEM e PPS, além do PSB, PDT e PCdoB, porém exclui o PT ou o coloca em posição
secundária.
O PPS declarou oposição a Bolsonaro, no entanto se mostrou aberto a debater as reformas do
Estado. Parece ser esse o posicionamento da Rede e do PV, com algumas nuances.
As declarações dos
líderes do PSDB são cautelosas quanto ao posicionamento do partido em relação ao
novo governo, com alas favoráveis ao Jair Bolsonaro.
Esses partidos poderão
liderar fatias do eleitorado, mas para pretender liderar a oposição, conquistar
a maioria dos cidadãos e vencer a próxima eleição, eles precisam apresentar um
projeto para o país.
E é aí que a porca
torce o rabo.
Projeto de país
PT, PSB, PDT e PCdoB
parecem presos ao nacional-desenvolvimentismo dos anos 1950/1960, que, segundo
alguns analistas, deu errado nos governos dos presidentes Ernesto Geisel e
Dilma Rousseff.
PSDB, PPS, PV e Rede
parecem ter superado a visão nacional-desenvolvimentista, segundo eles, com
base na nova realidade do país e do mundo globalizado. Mas esses partidos ainda
não apresentaram com clareza um novo projeto alternativo.
Sem tal programa, todos
eles dificilmente conquistarão a liderança não só da centro-esquerda, mas
principalmente de toda a sociedade brasileira.
Um projeto comum
poderia ser um necessário contraponto ao ultraliberalismo anunciado pelos novos
ocupantes do Palácio do Planalto.
Mas é algo difícil não
só pelas diferenças programáticas entre as agremiações como muito especialmente
pela legítima disputa de liderança.
Até 2022, ainda teremos
muito jogo.