quarta-feira, 19 de setembro de 2018


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1 - Bolsonaro é nazista?

Os partidários da extrema-direita na Alemanha eram chamados de nazistas, pois usavam o discurso nacionalista (nazi) como arma de propaganda (1). Hitler abusou do lema “Deutschland über alles” (A Alemanha acima de tudo).

Seus principais inimigos eram os comunistas, os socialdemocratas e os sindicalistas. Por isso, recebeu financiamento dos grandes empresários. No poder, Hitler retribuiu o apoio até mesmo fornecendo mão-de-obra escrava dos campos de prisioneiros para as grandes empresas (2).

Fechou todos os partidos, inclusive os democrático-liberais, mantendo somente o Partido Nazista. Perseguiu não só homossexuais e minorias étnicas e religiosas, como todos que se lhe opunham, como sacerdotes cristãos, católicos e luteranos.


A exacerbação do nacionalismo de Hitler escondia as pretensões imperialistas da elite alemã, levando a Alemanha à guerra contra outras nações e à destruição (3).

Na Itália, os extremistas de direita eram chamados de fascistas. No Brasil, de integralistas, liderados por Plínio Salgado, cuja lema era “Deus, Pátria e Família”.

Fascista?

Bolsonaro também usa o nacionalismo e a religião como instrumentos de campanha com o seu lema “O Brasil acima de tudo e Deus acima de todos”.

Igulamente, combate não só comunistas e socialistas, como também social-democratas e liberais (4). E para tanto, recebe apoio de grandes empresários (5).

Um verdadeiro fascista votaria em Lula, como Bolsonaro diz ter feito? (6) Talvez não.

A realidade do Brasil e do mundo isolaria Bolsonaro politicamente caso implantasse um regime abertamente fascista. Assim, na campanha, ele se diz um liberal.

Para uma melhor definição do fascismo, leia a nota (7) ao final deste texto. 

Liberal?

Ele é um liberal como diz sua propaganda?

Liberais não defendem regimes autoritários (8). Nem votaria contra a Lei de Responsabilidade Fiscal nem a favor de propostas de maior intervenção do Estado na economia, como votou Bolsonaro (9). 

Populista?

Talvez seja mais apropriado definir Bolsonaro como um populista autoritário de direita.

O populismo é a política do líder que dispensa os partidos para se dirigir diretamente às massas. O populismo, de esquerda ou de direita, não costuma ter apreço pela democracia e instituições como Congresso, imprensa livre, Judiciário e Ministério Público.

A trajetória de Bolsonaro por muitas legendas mostra sua pouca valorização dos partidos, instituições fundamentais da democracia representativa (10).

Nos países desenvolvidos foram instituições democráticas sólidas que propiciaram vida melhor para todos e combateram a corrupção. Não nos regimes autoritários e populistas, nos quais quem se deu bem foram os donos do poder e seus amigos.

Próximos textos:

2- Haddad é comunista?
3- Alckmin é direitista?
4- Ciro é esquerdista?
5- Marina é comunista?

NOTAS

(1) O Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores da Alemanha era o nome oficial do Partido Nazista. Assim como o Partido Democrático e Social (PDS), o partido que sustentou o regime ditatorial brasileiro de 1980 a 1985, nada tinha de democrático ou social/ socialista. Defendia os interesses dos grandes empresários e mantinha os trabalhadores e sindicatos sob repressão.

(2) O filme A Lista de Schindler, de Steven Spielberg, mostra o fornecimento de mão-de-obra escrava dos campos de concentração às grandes empresas.

(3) Berlim em julho 1945

(4) Bolsonaro Quer Matar o FHC?

(5) Campanha de Jair Bolsonaro é marcada por intrigas e improviso

(6) Bolsonaro confessando que votou no Lula

(7) “Em geral, se entende por Fascismo um sistema autoritário de dominação que é caracterizado: pela monopolização da representação política por parte de um partido único de massa, hierarquicamente organizado; por uma ideologia fundada no culto do chefe, na exaltação da coletividade nacional, no desprezo dos valores do individualismo liberal e no ideal da colaboração de classes, em oposição frontal ao socialismo e ao comunismo, dentro de um sistema de tipo corporativo; por objetivos de expansão imperialista, a alcançar em nome da luta das nações pobres contra as potências plutocráticas; pela mobilização das massas e pelo seu enquadramento em organizações tendentes a uma socialização política planificada, funcional ao regime; pelo aniquilamento das oposições, mediante o uso da violência e do terror; por um aparelho de propaganda baseado no controle das informações e dos meios de comunicação de massa; por um crescente dirigismo estatal no âmbito de uma economia que continua a ser, fundamentalmente, de tipo privado; pela tentativa de integrar nas estruturas de controle do partido ou do Estado, de acordo com uma lógica totalitária, a totalidade das relações econômicas, sociais, políticas e culturais.”
(Norberto Bobbio, Dicionário de Política)

(8) Hoje com discurso liberal, Bolsonaro votou com PT em pautas econômicas

(9) Tancredo Neves foi um liberal que se opôs firmemente ao regime de 1964. Ulysses  Guimarães votou no general Castelo Branco à Presidência, mas logo depois passou a liderar a oposição. O governador da Guanabara, Carlos Lacerda, foi um dos civis articuladores da deposição de João Goulart em 1964. Quando Castelo Branco suspendeu a eleição presidencial prevista para 1965, ele rompeu com o governo ditatorial e articulou a Frente Ampla com Juscelino Kubitschek e João Goulart para restabelecer o regime democrático. Lacerda foi cassado pelo regime com base no AI-5, com perda dos seus direitos políticos.

(10) Partidos pelos quais Bolsonaro passou:
PDC (1988-1993), PPR (1993-95), PPB (1995-2003), PP (2005-2016), PTB (2003-2005), PFL (2005), PSC (2016-2017) PSL (2018)