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1 - Bolsonaro é nazista?
Os partidários da extrema-direita
na Alemanha eram chamados de nazistas, pois usavam o discurso nacionalista
(nazi) como arma de propaganda (1). Hitler abusou do lema “Deutschland über alles” (A Alemanha acima de tudo).
Seus principais inimigos
eram os comunistas, os socialdemocratas e os sindicalistas. Por isso, recebeu
financiamento dos grandes empresários. No poder, Hitler
retribuiu o apoio até mesmo fornecendo mão-de-obra escrava dos campos de
prisioneiros para as grandes empresas (2).
Fechou todos os
partidos, inclusive os democrático-liberais, mantendo somente o Partido
Nazista. Perseguiu não só homossexuais e minorias étnicas e religiosas, como
todos que se lhe opunham, como sacerdotes cristãos, católicos e luteranos.
A exacerbação do
nacionalismo de Hitler escondia as pretensões imperialistas da elite alemã,
levando a Alemanha à guerra contra outras nações e à destruição (3).
Na Itália, os
extremistas de direita eram chamados de fascistas. No Brasil, de integralistas,
liderados por Plínio Salgado, cuja lema era “Deus, Pátria e Família”.
Fascista?
Bolsonaro também usa o
nacionalismo e a religião como instrumentos de campanha com o seu lema “O Brasil acima de tudo e Deus acima de todos”.
Igulamente, combate não
só comunistas e socialistas, como também social-democratas e liberais (4). E para
tanto, recebe apoio de grandes empresários (5).
Um verdadeiro fascista
votaria em Lula, como Bolsonaro diz ter feito? (6) Talvez não.
A realidade do Brasil e
do mundo isolaria Bolsonaro politicamente caso implantasse um regime
abertamente fascista. Assim, na campanha, ele se diz um liberal.
Para uma melhor
definição do fascismo, leia a nota (7) ao final deste texto.
Liberal?
Ele é um liberal como
diz sua propaganda?
Liberais não defendem regimes
autoritários (8). Nem votaria contra a Lei de Responsabilidade Fiscal nem a
favor de propostas de maior intervenção do Estado na economia, como votou
Bolsonaro (9).
Populista?
Talvez seja mais
apropriado definir Bolsonaro como um populista autoritário de direita.
O populismo é a
política do líder que dispensa os partidos para se dirigir diretamente às
massas. O populismo, de esquerda ou de direita, não costuma ter apreço
pela democracia e instituições como Congresso, imprensa livre, Judiciário e
Ministério Público.
A trajetória de
Bolsonaro por muitas legendas mostra sua pouca valorização dos partidos,
instituições fundamentais da democracia representativa (10).
Nos países
desenvolvidos foram instituições democráticas sólidas que propiciaram vida
melhor para todos e combateram a corrupção. Não nos regimes autoritários e
populistas, nos quais quem se deu bem foram os donos do poder e seus amigos.
Próximos textos:
2- Haddad é
comunista?
3- Alckmin é
direitista?
4- Ciro é esquerdista?
5- Marina é comunista?
NOTAS
(1) O Partido Nacional-Socialista
dos Trabalhadores da Alemanha era o nome oficial do Partido Nazista. Assim como
o Partido Democrático e Social (PDS), o partido que sustentou o regime
ditatorial brasileiro de 1980 a 1985, nada tinha de democrático ou social/
socialista. Defendia os interesses dos grandes empresários e mantinha os
trabalhadores e sindicatos sob repressão.
(2) O filme A Lista de
Schindler, de Steven Spielberg, mostra o fornecimento de mão-de-obra escrava
dos campos de concentração às grandes empresas.
(3) Berlim em julho 1945
(4) Bolsonaro Quer Matar
o FHC?
(5) Campanha de Jair
Bolsonaro é marcada por intrigas e improviso
(6) Bolsonaro
confessando que votou no Lula
(7) “Em geral, se
entende por Fascismo um sistema autoritário de dominação que é caracterizado:
pela monopolização da representação política por parte de um partido único de
massa, hierarquicamente organizado; por uma ideologia fundada no culto do
chefe, na exaltação da coletividade nacional, no desprezo dos valores do
individualismo liberal e no ideal da colaboração de classes, em oposição frontal
ao socialismo e ao comunismo, dentro de um sistema de tipo corporativo; por
objetivos de expansão imperialista, a alcançar em nome da luta das nações
pobres contra as potências plutocráticas; pela mobilização das massas e pelo
seu enquadramento em organizações tendentes a uma socialização política
planificada, funcional ao regime; pelo aniquilamento das oposições, mediante o
uso da violência e do terror; por um aparelho de propaganda baseado no controle
das informações e dos meios de comunicação de massa; por um crescente dirigismo
estatal no âmbito de uma economia que continua a ser, fundamentalmente, de tipo
privado; pela tentativa de integrar nas estruturas de controle do partido ou do
Estado, de acordo com uma lógica totalitária, a totalidade das relações
econômicas, sociais, políticas e culturais.”
(Norberto Bobbio,
Dicionário de Política)
(8) Hoje com discurso
liberal, Bolsonaro votou com PT em pautas econômicas
(9) Tancredo Neves foi
um liberal que se opôs firmemente ao regime de 1964. Ulysses Guimarães votou no general Castelo Branco à
Presidência, mas logo depois passou a liderar a oposição. O governador da
Guanabara, Carlos Lacerda, foi um dos civis articuladores da deposição de João
Goulart em 1964. Quando Castelo Branco suspendeu a eleição presidencial
prevista para 1965, ele rompeu com o governo ditatorial e articulou a Frente
Ampla com Juscelino Kubitschek e João Goulart para restabelecer o regime
democrático. Lacerda foi cassado pelo regime com base no AI-5, com perda dos
seus direitos políticos.
(10) Partidos pelos
quais Bolsonaro passou:
PDC (1988-1993), PPR
(1993-95), PPB (1995-2003), PP (2005-2016), PTB (2003-2005), PFL (2005), PSC
(2016-2017) PSL (2018)