Eleição da mesa diretora da Câmara
O PT, maior partido de oposição, com 55
deputados, não conseguiu unir e liderar uma frente ampla dos partidos
democráticos para a eleição da mesa diretora da Câmara dos Deputados.
O partido rompeu o diálogo com o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), cuja eleição à
presidência da Câmara apoiou em 2016.
2016
Em 2016, após a prisão do então presidente da casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
nova eleição foi realizada e Maia foi eleito para um mandato tampão com apoio
de um amplo espectro de partidos, indo do PT e PCdoB, passando pelo PSB, PDT,
PPS, Rede e chegando ao PSDB e PMDB.
Maia derrotou Rogério Rosso (PSD-DF), o candidato apoiado pelo Centrão, bloco
conservador e fisiológico.
2017
Em fevereiro de 2017, Maia foi reeleito e derrotou Jovair Arantes (PTB-GO),
também candidato apoiado pelo Centrão. Dessa vez, o PT apoiou André Figueiredo
(PDT-CE).
2019
Os petistas romperam com Maia depois que o deputado conseguiu o apoio do PSL, o
partido do presidente Jair Bolsonaro.
O PT tentou articular um bloco com PP, MDB e PTB e lançar Arthur Lira (PP-AL),
mas a articulação fracassou.
Aliados tradicionais como PCdoB e PDT decidiram apoiar Maia e o PSB lançou
candidato próprio, João Henrique Caldas (PSB-AL).
Outros partidos da centro-esquerda e do centro, como PPS, PV e PSDB, declararam
apoio a Maia.
Porém, por fim, Lira desistiu depois que o seu partido resolveu apoiar Maia.
Vale lembrar que PP, MDB e PTB apoiaram Bolsonaro no segundo turno da eleição
presidencial. Seria pouco provável que o deputado do PP representasse um avanço
político na comparação com o candidato do DEM.
Ao final, o PT fechou um bloco com PSB, PSOL e Rede na tentativa de sair do isolamento
e obter cargos na mesa diretora.
2015
Na eleição de 2015, o PT sofreu uma amarga derrota ao lançar o nome do deputado
Arlindo Chinaglia, que teve o apoio da presidente Dilma Rousseff, do PDT e do
PCdoB, ficando em 2º lugar, com 136 votos.
Já os demais partidos governistas, capitaneados pelo PMDB, foram vitoriosos com
o deputado Eduardo Cunha tendo o apoio do PP, PTB, PSD, PR, PRB e do
oposicionista DEM. Cunha obteve 267 dos votos.
A oposição de centro-esquerda lançou o nome do deputado Júlio Delgado, do PSB,
apoiado pelo PPS, PV, Rede e pelo centrista PSDB. Delgado ficou em terceiro com
100 votos.
A pequena oposição de esquerda, representada pelo deputado Chico Alencar, do
PSOL, obteve 8 votos.
Hoje
As eleições para as mesas diretoras da Câmara e do Senado podem representar um
importante contrapeso do Congresso a qualquer tentação autoritária do Executivo
capitaneado por Bolsonaro. Acompanhemos os resultados.
Cláudio de Oliveira, jornalista e chargista do jornal Agora São Paulo.
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