domingo, 10 de junho de 2018


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Texto provocação

Escrevi algumas linhas com o objetivo de suscitar a reflexão e o debate. Ei-las:

1 - Bolsonaro, o Collor de farda?

Seria Bolsonaro um Fernando Collor de farda?

Autoritário quando presidente da República, Collor foi incapaz de dialogar como o Congresso e a sociedade. Levou seu governo a seguidos impasses.

Tentou uma política econômica sem negociar com a sociedade e sem considerar a realidade social. Levou o Brasil a uma das maiores crises econômicas da história.

Apesar da retórica moralizante, sofreu um impeachment por corrupção.

2 - Marina, o Lula de saia?

Críticos dizem que Marina seria um Lula de saia. Isto é, seu programa econômico seria populista como o do petista. Lula teria sobrecarregado o Estado sem atacar as causas estruturais de nossos problemas.

Críticos à esquerda dizem que Marina virou liberal, pois seu programa econômico favoreceria ao mercado e não ao social.

Talvez Marina esteja no ponto médio entre as duas opiniões.

3 - Ciro, a Dilma de calças?

Críticos à direita dizem que Ciro teria um temperamento que também o faria incapaz de dialogar com o Congresso e a sociedade.

Suas propostas econômicas seriam iguais às de Dilma, um intervencionismo nacional-desenvolvimentista inadequado à economia globalizada, cujo resultado foi um não-desenvolvimentismo.

Dilma entregou o país com uma das maiores crises econômicas de nossa história.

Críticos à esquerda dizem que Ciro teria uma retórica esquerdista, mas no governo faria uma política econômica liberal.

Essa manobra não deu certo no segundo mandato de Dilma. Ela foi acusada de estelionato eleitoral.

Quem teria razão?

4 – Alckmin, o FHC de botinas?

Críticos dizem que Alckmin seria um Fernando Henrique caipira, sem capacidade de liderar.

Críticos à esquerda dizem que seu programa econômico seria igual ao de FHC, privatista e pouco social.

FHC também entregou o país em crise.

O PSDB argumenta que, apesar disso, ele realizou reformas estruturais importantes para a retomada do crescimento, sem o que não seria possível políticas distributivas. E que Alckmin faria o mesmo.


5 – Haddad, um Palocci de bike?

Partidários de Haddad dizem que, quando prefeito, ele administrou são Paulo com responsabilidade fiscal. Até propôs uma reforma da Previdência dos servidores municipais. Teve bom diálogo com o tucano Alckmin, então governador. Assim como Palocci, primeiro ministro da Fazenda de Lula.

Seus críticos dizem que, a julgar pelas diretrizes do programa do PT para a eleição de 2018, Haddad estaria mais para a política econômica de Dilma.

Quem está enganado?

6 - Conclusão

Como cartunista, acompanho os governos desde 1977. Descobri que não há milagres como os de Delfim; nem mágicas como as do Plano Cruzado de Sarney; nem bala de prata como a de Collor; nem truques com o dólar como o de FHC; nem artifícios como a contabilidade criativa de Dilma.

Descobri também que política econômica é menos uma questão de vontade e mais de opção dentro das imposições da realidade.

Vamos ver se em 2018, em um debate sereno e sem mistificação de marketing surja um projeto capaz de promover consensos e nos livrar do voo de galinha.

Cláudio de Oliveira.

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