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Texto provocação
Escrevi algumas linhas
com o objetivo de suscitar a reflexão e o debate. Ei-las:
1 - Bolsonaro, o Collor de farda?
Seria Bolsonaro um
Fernando Collor de farda?
Autoritário quando
presidente da República, Collor foi incapaz de dialogar como o Congresso e a
sociedade. Levou seu governo a seguidos impasses.
Tentou uma política
econômica sem negociar com a sociedade e sem considerar a realidade social.
Levou o Brasil a uma das maiores crises econômicas da história.
Apesar da retórica
moralizante, sofreu um impeachment por corrupção.
2 - Marina, o Lula de saia?
Críticos dizem que
Marina seria um Lula de saia. Isto é, seu programa econômico seria populista
como o do petista. Lula teria sobrecarregado o Estado sem atacar as causas
estruturais de nossos problemas.
Críticos à esquerda
dizem que Marina virou liberal, pois seu programa econômico favoreceria ao
mercado e não ao social.
Talvez Marina esteja
no ponto médio entre as duas opiniões.
3 - Ciro, a Dilma de calças?
Críticos à direita dizem
que Ciro teria um temperamento que também o faria incapaz de dialogar com o
Congresso e a sociedade.
Suas propostas
econômicas seriam iguais às de Dilma, um intervencionismo
nacional-desenvolvimentista inadequado à economia globalizada, cujo resultado
foi um não-desenvolvimentismo.
Dilma entregou o país
com uma das maiores crises econômicas de nossa história.
Críticos à esquerda
dizem que Ciro teria uma retórica esquerdista, mas no governo faria uma
política econômica liberal.
Essa manobra não deu
certo no segundo mandato de Dilma. Ela foi acusada de estelionato eleitoral.
Quem teria razão?
4 – Alckmin, o FHC de botinas?
Críticos dizem que
Alckmin seria um Fernando Henrique caipira, sem capacidade de liderar.
Críticos à esquerda
dizem que seu programa econômico seria igual ao de FHC, privatista e pouco
social.
FHC também entregou o
país em crise.
O PSDB argumenta que,
apesar disso, ele realizou reformas estruturais importantes para a retomada do
crescimento, sem o que não seria possível políticas distributivas. E que
Alckmin faria o mesmo.
5 – Haddad, um Palocci de bike?
Partidários de Haddad
dizem que, quando prefeito, ele administrou são Paulo com responsabilidade
fiscal. Até propôs uma reforma da Previdência dos servidores municipais. Teve bom diálogo com o tucano Alckmin, então
governador. Assim como Palocci, primeiro ministro da Fazenda de Lula.
Seus críticos dizem
que, a julgar pelas diretrizes do programa do PT para a eleição de 2018, Haddad
estaria mais para a política econômica de Dilma.
Quem está enganado?
6 - Conclusão
Como cartunista,
acompanho os governos desde 1977. Descobri que não há milagres como os de
Delfim; nem mágicas como as do Plano Cruzado de Sarney; nem bala de prata como
a de Collor; nem truques com o dólar como o de FHC; nem artifícios como a
contabilidade criativa de Dilma.
Descobri também que
política econômica é menos uma questão de vontade e mais de opção dentro das
imposições da realidade.
Vamos ver se em 2018,
em um debate sereno e sem mistificação de marketing surja um projeto capaz de
promover consensos e nos livrar do voo de galinha.
Cláudio de Oliveira.
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