domingo, 15 de julho de 2018


O mundo político precisa avançar

Creio que o mundo político não se deu conta de que o país avançou desde a promulgação da Carta de 1988. Tanto institucionalmente, quanto na consciência da sociedade civil.

O Ministério Público que hoje conhecemos foi criação dos constituintes de 1988. Com erros aqui e ali, a sua atuação tem sido positiva nos diversos níveis da federação.

O Movimento Pela Ética na Política, que congregou uma ampla rede de organizações e setores da sociedade civil, surgiu em 1992 e foi o grande mobilizador das manifestações pelo impeachment de Collor, derrubado por corrupção.

O presidente Itamar Franco, não só por suas convicções e pelo seu passado, como também pela sua astúcia de político mineiro, captou os sinais da sociedade. Realizou um governo em que a moralidade administrativa predominou.

Desde então, o Brasil colheu avanços, como a universalização do acesso à educação, com um crescimento vigoroso do número de estudantes universitários, ávidos por conhecimento, informação e formação.

A revolução nas telecomunicações, a exemplo da revolução da imprensa de Gutemberg, no século XVI, levou à democratização mais ampla da informação, do conhecimento e da comunicação, com cidadãos ligados em rede, sem maiores intermediações.

Apesar disso, o mundo político, em seus maiores partidos, continuou a fazer a velha política do velho Brasil elitista, conservador e excludente, do getulismo da sociedade civil sob controle do Estado, da política do “rouba mas faz” de Adhemar de Barros e do seu legítimo herdeiro, Paulo Maluf.

Avalio que as manifestações de 2013, com slogans “eles não nos representam”, mostravam o cansaço de parcela expressiva da sociedade brasileira com a política fisiológica, do vale tudo para se manter no poder, de alianças de geleia geral, sem programas, ideias e princípios.

As manifestações subsequentes foram novas demonstrações de repulsa à enganação e ao estelionato eleitoral, quando o candidato promete uma coisa e depois faz outra.

As baixas popularidades de Dilma e de Temer talvez possam ser explicadas para além da crise econômica. Podem indicar que a tolerância de boa parte dos brasileiros com o chamado ‘presidencialismo de cooptação’ baixou severamente.

O mundo político precisa avançar para uma nova ética política baseada em valores, princípios, programas, transparência, interesse público, respeito à sociedade. Chega de mais do mesmo.

A charge é da edição de 14/07 do jornal Agora São Paulo.

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