O mundo político precisa avançar
Creio que
o mundo político não se deu conta de que o país avançou desde a promulgação da
Carta de 1988. Tanto institucionalmente, quanto na consciência da sociedade
civil.
O
Ministério Público que hoje conhecemos foi criação dos constituintes de 1988.
Com erros aqui e ali, a sua atuação tem sido positiva nos diversos níveis da
federação.
O
Movimento Pela Ética na Política, que congregou uma ampla rede de organizações
e setores da sociedade civil, surgiu em 1992 e foi o grande mobilizador das
manifestações pelo impeachment de Collor, derrubado por corrupção.
O
presidente Itamar Franco, não só por suas convicções e pelo seu passado, como
também pela sua astúcia de político mineiro, captou os sinais da sociedade.
Realizou um governo em que a moralidade administrativa predominou.
Desde
então, o Brasil colheu avanços, como a universalização do acesso à educação,
com um crescimento vigoroso do número de estudantes universitários, ávidos por
conhecimento, informação e formação.
A
revolução nas telecomunicações, a exemplo da revolução da imprensa de
Gutemberg, no século XVI, levou à democratização mais ampla da informação, do
conhecimento e da comunicação, com cidadãos ligados em rede, sem maiores
intermediações.
Apesar
disso, o mundo político, em seus maiores partidos, continuou a fazer a velha
política do velho Brasil elitista, conservador e excludente, do getulismo da
sociedade civil sob controle do Estado, da política do “rouba mas faz” de
Adhemar de Barros e do seu legítimo herdeiro, Paulo Maluf.
Avalio
que as manifestações de 2013, com slogans “eles não nos representam”, mostravam
o cansaço de parcela expressiva da sociedade brasileira com a política
fisiológica, do vale tudo para se manter no poder, de alianças de geleia geral,
sem programas, ideias e princípios.
As
manifestações subsequentes foram novas demonstrações de repulsa à enganação e
ao estelionato eleitoral, quando o candidato promete uma coisa e depois faz
outra.
As baixas
popularidades de Dilma e de Temer talvez possam ser explicadas para além da
crise econômica. Podem indicar que a tolerância de boa parte dos brasileiros
com o chamado ‘presidencialismo de cooptação’ baixou severamente.
O mundo
político precisa avançar para uma nova ética política baseada em valores,
princípios, programas, transparência, interesse público, respeito à sociedade.
Chega de mais do mesmo.
A charge
é da edição de 14/07 do jornal Agora São Paulo.
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