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O verdadeiro “perigo vermelho”
A charge
acima publiquei no carnaval de 1987, em 27 de fevereiro, no jornal natalense
Tribuna do Norte.
Nela
aparecem os presidentes José Sarney (Brasil), Raúl Alfonsin (Argentina), Miguel
de la Madrid (México) e Alan Garcia (Peru).
Ela
mostra o verdadeiro “perigo vermelho”: as contas públicas dos países da URSAL,
União das Repúblicas Socialistas da América Latina, nos quais os lucros são
privados e os prejuízos socializados.
Vamos aos
fatos históricos:
1- O
crescimento do início da década de 1970 foi financiado por empréstimos
externos, com investimentos em infraestrutura e subsídios às grandes empresas;
2- O
“milagre econômico” teve fim com a crise do petróleo e o aumento dos juros
internacionais, provocando a explosão da dívida externas dos países da AL;
3- O
Brasil quebrou em 1981 (1), com dívida externa, contas públicas arrebentadas,
inflação e recessão;
4- Com o
fim da ditadura, o novo governo tentou organizar as contas públicas, mas o
presidente Sarney se negou a promover o ajuste e o Plano Cruzado naufragou;
5- Faltou
dinheiro para pagar os juros da dívida externa em 1987;
6-
Fernando Collor chegou e bagunçou mais o coreto;
7- Veio
Itamar Franco e começou a por ordem na casa, promovendo ajustes, políticas
compensatórias e outras de estímulo, com relativo êxito;
8- Fernando
Henrique continuou o ajuste, porém:
a)
Demorou a desvalorizar o real ante o dólar, trazendo problemas com o balanço de
pagamentos;
b) Foi
prejudicado pela crise das moedas dos emergentes;
c) Não
conseguiu aprovar a reforma da Previdência em 1998;
9 – Lula
promoveu ajustes na gestão Palocci, aprovou a reforma da Previdência do setor
público em 2003, porém não regulamentou o teto para os salários do funcionalismo;
10 – No
segundo mandato, com a bonança internacional e o boom das exportações para a
China, o problema ficou na sombra e houve afrouxamento das contas públicas; (2)
11- Com a
crise das hipotecas nos EUA em 2008 e a recessão mundial, o problema das contas
volta a aparecer; (3)
12 – O
Brasil só fechou no azul a partir de 2009 graças a receitas extraordinárias e à
postergação de pagamentos do governo para o ano fiscal seguinte;
13 – A
partir de 2014, o Brasil passou a fechar no vermelho;
14 – E
aqui estamos, com aumentos salariais à elite dos servidores, fazendo crescer o
nosso verdadeiro “perigo vermelho”;
Já a “ameaça
comunista” é distração para manter os militantes de direita e de esquerda entretidos
nas redes sociais.
NOTAS
(1)
Segundo a jornalista Claudia Safatle, ainda vivemos as consequências da crise
dos anos 1980. Este texto é muito interessante:
A mãe de todas as crises do Brasil
(2) Palocci defendia o déficit nominal zero
com um teto para os gastos públicos, mas foi derrotado pelo PT e Dilma
Rousseff:
Para Palocci, crise favorece discussão de déficit
zero
(3) O
problema do aumento da dívida pública já estava colocado na campanha de 2010:
Governo Dilma projeta política fiscal mais dura.
Valor Econômico. 29/10/2010.
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