segunda-feira, 13 de agosto de 2018


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Quem são as forças democráticas do Brasil?

Com a implantação do regime ditatorial de 1964, qual era a tarefa que se impunha às forças democráticas do Brasil? Certamente, restabelecer o regime democrático.

Mas, como realizar essa tarefa? Unindo as forças democráticas em torno do objetivo comum de levar o país de volta ao Estado de Direito. E quem eram as forças democráticas do Brasil?

1- O PSD, partido centrista de liberais como ex-presidente Juscelino Kubitschek e os deputados Tancredo Neves e Ulisses Guimarães.

2- O PTB, partido de centro-esquerda do presidente deposto João Goulart e do deputado Leonel Brizola.

3 - O PDC, partido democrata-cristão dos deputados Franco Montoro e Plínio de Arruda Sampaio.

4- O PSB, partido de centro-esquerda dos deputados João Mangabeira e Francisco Julião, o homem das Ligas Camponesas.

5- O PCB, a principal referência da esquerda da época, comandado por Luiz Carlos Prestes.

Surpreendentemente, o principal líder civil do movimento de 1964, o governador da Guanabara, Carlos Lacerda, nome maior da conservadora UDN, de centro-direita, rompeu com o novo regime e foi para a oposição.

Os militares prometeram depor João Goulart e entregar o país à normalidade constitucional. Porém, não cumpriram a promessa: suspenderam a eleição para presidente marcada para o final de 1965.

Lacerda, candidatíssimo, rompeu com o presidente Castelo Branco e articulou a Frente Ampla com Juscelino Kubitschek e João Goulart. A frente foi proibida em 1968.

Porém, a aliança PSD-PTB-PDC-PSB-PCB e dissidentes da UDN continuou no MDB, o partido-frente de oposição fundado em 1966 e que empreendeu a longa e persistente resistência à ditadura.

Foi essa frente que derrotou Paulo Maluf e elegeu Tancredo Neves presidente em 1985, encerrando 21 anos de regime autoritário no Brasil.

Foi basicamente a antiga aliança PSD-PTB-PDC-PSB-PCB, agora com outro nome, o bloco progressista, sob a liderança de Ulysses Guimarães na Constituinte, que nos deu a Constituição social-democrática do Brasil de hoje.

E foi ela basicamente que sustentou o governo Itamar Franco, responsável por nos tirar de uma grave crise econômica que se arrastava desde a recessão de 1983.

Pergunto: o Brasil vive atualmente uma ameaça à democracia com o candidato da extrema-direita liderando as intenções de voto? Essa ameaça se configurará?

Uma vez configurada, as forças democráticas do país devem se unir? Quem são hoje os partidos correspondentes à antiga aliança PSD-PTB-PDC-PSB-PCB e dissidentes da UDN? Serão o PSDB e o PT o PSD e o PTB de 1964? Eles serão capazes de se unir e juntar outros partidos democráticos?

Ou teremos um cenário pior que o da eleição presidencial de1989, quando Fernando Collor, o representante da centro-direita, bateu os candidatos do centro, da centro-esquerda e da esquerda?

Quando as urnas de 25 de outubro se fecharem, talvez tenhamos as respostas.

2 comentários:

  1. Prezado Cláudio.

    Mesmo com a prerrogativa de escrever-lhe em particular, resolvi postar publicamente, até como forma de estimular o debate neste seu espaço.

    Eu entendo perfeitamente o receio que possui de uma nova guinada ao autoritarismo e cerceamento das liberdades democráticas. E eu não vejo um perigo nisso na figura de Jair Bolsonaro. Ele possui sangue quente, que faz aflorar opiniões que o politicamente correto e o senso comum mandam que sufoquemos. O que não quer dizer que ele seja, de fato, racista, misógino, machista ou homofóbico. Tenho acompanhado sua movimentação intensamente desde que resolvi declarar meu voto nele e notei muitas mulheres, negros e membros da comunidade LGBT apoiando o ex-capitão do exército.

    Os valores que ele busca resgatar incluem a convivência harmoniosa, não a imposição de doutrinas que têm pautado a militância de esquerda engajada no feminismo e agenda LGBT.

    Além disso, a presença do economista liberal Paulo Guedes está dando ao mercado vislumbres de que poderemos ter uma economia realmente livre, com o Estado apenas desempenhando funções regulatórias onde se fizer necessário.

    Vejo caso parecido com o de Trump que, tem feito crescer o emprego em seu país, e isso incluindo mulheres, latinos, negros e LGBTs. Para o capitalismo, cada segmento social é uma força de consumo a ser respeitada em seus direitos. É nisso que Paulo Guedes acredita e é nisso que Bolsonaro está apostando.

    Então, respondendo à sua indagação: Não, não acho que o Brasil vive uma ameaça à democracia com o candidato da extrema-direita liderando pesquisas. E também não acho que seja justo com os fatos (e não as narrativas repetidas à exaustão) taxar Bolsonaro de extrema-direita.

    Também contesto a visão romântica sobre o que seriam nossas forças democráticas, muitas delas apoiando ativamente regimes ditatoriais. Sobre isso, inclusive, lembro que Bolsonaro foi convidado e foi para os EUA, Israel, Japão e Coréia do Sul. Países com fortes interesses comerciais com o Brasil e que não têm interesse de aplicar dinheiro em ditaduras latinas, seja de esquerda ou direita.

    Bolsonaro está no rumo de quebra de alguns paradigmas políticos e um deles, creio eu, será desmontar essa ideia de "retorno às trevas" que está sendo propagada. Do meu ponto de vista, a chance histórica de uma quebra com os paradigmas de esquerda deve ser levada em consideração, com efeitos profundos derivados do fim das cotas (e valorização da meritocracia) e fim dos métodos de Paulo Freire e socioconstrutivistas no ensino, o que pode - repito, PODE - levar o combalido ensino brasileiro a uma recuperação a longo prazo perante avaliações internacionais de capacidade intelectual.

    A aposta é alta, mas as necessidades exigem algo mais do que o velho conceito de governo de coalizão e diálogo com amplos setores da sociedade e com todas as forças democráticas. Aqui no Brasil - e não estamos no Leste Europeu - sabemos bem o que isso tem feito ao país.

    Posso estar enganado, mas nunca tive tanta convicção em uma opção política.

    Abraços!

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    1. Nagado, seus comentários são sempre bem-vindos. Respeito sua opção. Você aponta questões importantes que merecem reflexão e debate. Pretendo escrever sobre elas oportunamente. Grande abraço.

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