segunda-feira, 14 de janeiro de 2019


Esquerda democrática italiana contra Cesare Battisti

Como se sabe, Cesare Battisti foi membro do Proletários Armados pelo Comunismo,
um grupo de extrema-esquerda que praticou terrorismo na Itália na década de 1970.

Nessa época, o país sofreu com o terrorismo de extrema-esquerda, sendo o caso mais famoso o sequestro e assassinato do primeiro-ministro Aldo Moro, do Partido Democrata Cristão, pelas Brigadas Vermelhas, em 1978.

Tais grupos atentavam contra a Constituição antifascista da Itália, duramente conquistada pelos partidos da resistência à ditadura de Benito Mussolini. Promulgada em 1948,
a Constituição democrática da Itália foi obra do PDC, de Alcide De Gasperi; do Partido Comunista, de Palmiro Togliatti; e do Partido Socialista, de Pietro Nenni.

PDC, PCI e PSI se separaram com a guerra fria, mas se juntaram uníssono para
defender a Constituição antifascista e combater o terrorismo de extrema-esquerda nos anos 1970.

O primeiro-ministro Aldo Moro havia respondido positivamente à proposta do líder comunista Enrico Berlinguer de um governo conjunto do PDC, PCI e PSI para modernizar a Itália. A proposta tinha a oposição dos setores mais conservadores dos democratas-cristãos.

Uma comissão do parlamento chegou à hipótese de que os grupos de extrema-esquerda estivessem infiltrados por militantes de extrema-direita com o propósito de tumultuar o ambiente político e evitar um governo com a participação do PCI, o segundo maior partido da Itália.

Com a morte de Moro, assumiu a liderança do PDC e o cargo de primeiro-ministro Giulio Andreotti, da ala contrária ao diálogo com o PCI. Em 1993, Andreotti foi acusado de ligação com a Máfia e de receber propina pela Operação Mãos Limpas. O eleitorado puniu severamente o PDC, que desapareceu da cena política.

Os setores progressistas do PDC, liderado por Romano Prodi, mais remanescentes do PSI se juntaram ao PCI para formar o atual Partido Democrático da Itália, situado na centro-esquerda e cujos líderes cobraram de Lula, em 2009, a extradição do terrorista Cesare Battisti.

Segundo Massimo D'Alema, ex-membro do PCI, então deputado pelo PD e ex-primeiro-ministro, Cesare Battisti ''é uma pessoa condenada em nosso país e é justo que cumpra a pena em nosso país. É normal. Ele está condenado por graves crimes, não por razões políticas''. (1)

Depois de uma rápida passagem pelo PCI, a partir de 1971 Cesare Battisti militou em pequenos grupos de extrema-esquerda até entrar no Proletários Armados pelo Comunismo, em 1976, organização que praticava atos de terrorismo. Em 1972 foi condenado por furto e em 1976 por assalto à mão armada. Foi condenado em 1979, mas conseguiu fugir da prisão em 1981, indo para a França. O processo contra Battisti foi reaberto após a delação premiada de Pietro Mutti, ex-militante do PAC. Julgado como revel, Batttisti foi condenado em 1988 à prisão perpétua pela morte de quatro pessoas.

Nota

(1) Lula diz que acatará decisão sobre Battisti

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