segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

O meu trabalho de chargista

Acredito que um dos aspectos essenciais do meu trabalho de chargista deva ser o criticismo. Penso que não tenho o direito à critica, mas sim o dever de critica.
Assim, minhas cobranças devem ser dirigidas aos governantes da ocasião, afinal são eles que têm os instrumentos para melhorar a vida dos cidadãos. O alvo da crítica deve ser o presidente da República, o governador do estado e o prefeito da cidade. E também senadores, deputados e vereadores. E ainda os homens que fazem o Poder Judiciário.
Naturalmente, tento que o criticismo das minhas charges não deva ser inconsequente, a crítica pela crítica, mas fundamentado em valores. Três princípios básicos orientam o meu trabalho de chargista:
1- Os valores democráticos
Critico tudo quanto possa atentar contra e amesquinhar o Estado de Direito democrático e as instituições democráticas.
2- Os valores republicanos
Trata-se de defender o caráter público dos poderes públicos. Isto é, toda utilização da administração pública para fins e interesses privados e de grupos deve ser severamente criticada.
Seja nas licitações de contratos de empresas prestadoras de serviços aos governos, seja no manejo de políticas econômicas para favorecer determinados interesses minoritários na sociedade.
3- Os valores sociais
Num país como o Brasil, de desigualdades sociais gritantes, acho que devo cobrar medidas eficazes de erradicação da miséria e da pobreza, que combatam o desemprego e aumentem a renda da população, inclusive através dos chamados salários indiretos, como a oferta de bons serviços públicos de transporte, moradia, saúde, educação, cultura, esportes, lazer, etc.
Na arte, e no humor em especial, não deve haver regras. Cada cartunista que encontre o seu caminho. A minha receita serve para mim. Se alguém quiser emprestada, pode pegá-la gratuitamente.
Cláudio de Oliveira
Chargista do Jornal Agora São Paulo
(texto modificado da versão publicada em 2004)

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