03 - Ciro é esquerdista?
Ciro
Gomes foi eleito deputado estadual em 1982 pelo PDS, o partido que dava apoio ao
regime ditatorial de 1964. (1) Ao assumir o mandato, Ciro foi para o PMDB.
Aliou-se a Tasso Jereissati que em 1986 foi eleito governador do Ceará.
Tasso e
Ciro foram fundadores do PSDB cearense em 1988 e dois anos depois Ciro foi
eleito governador pelo partido, deixando o mandato para assumir o Ministério da
Fazenda em 1994, a convite do presidente Itamar Franco.
Centro-esquerda?
Em 1998
Ciro deixou o PSDB e saiu candidato a presidente da República pelo PPS, partido
de centro-esquerda liderado pelo deputado Roberto Freire. Em 2002, Ciro saiu
novamente candidato pelo PPS em aliança com o PDT e o PTB.
Os três
partidos apoiaram Lula no segundo turno. PDT e PPS deixaram o governo Lula
respectivamente em 2003 e 2004 por se sentirem excluídos das decisões e por
discordarem da política econômica de austeridade de Palocci. (2)
Ciro era
ministro da Integração Nacional, decidiu ficar no governo e transferiu-se para
o PSB de Eduardo Campos, outro partido da centro-esquerda.
Ciro
tentou sair candidato a presidente em 2010 pelo PSB, mas Lula pressionou o partido
para apoiar Dilma. Em troca, apoiaria a reeleição de Campos ao governo de
Pernambuco e a candidatura de Ciro ao governo de São Paulo.
Ciro
transferiu o domícilio eleitoral para São Paulo, mas sua candidatura foi vetada
pelo diretório paulista do PT. Sem apoio dos petistas, Ciro desistiu e não
concorreu a nenhum cargo eletivo em 2010.
Populista?
Em 2013,
o PSB foi para a oposição à Dilma e Ciro foi para o PDT, também um partido da
centro-esquerda.
Como se
vê, Ciro circula na faixa da centro-esquerda. Mas sua trajetória do PSDB ao PDT
talvez revele as causas das restrições que muitos lhe fazem.
Para alguns analistas, o
PSDB era originalmente socialdemocrata. (3) No poder, o PSDB fez um misto de
liberalismo e socialdemocracia de terceira via. (4)
O PPS é considerado um
partido do socialismo democrático próximo do pensamento social-democrático, assim
como o PSB. Enquanto
o primeiro se aproxima de uma visão do papel do Estado como regulador, o PSB
mantém uma posição de maior intervenção do Estado na economia.
O PDT era
o partido brasileiro filiado à Internacional Socialista, a organização
que congregava
os partidos de tendência socialdemocrata de todo o mundo. Mas,
o PDT
sempre reivindicou a tradição do populismo getulista.
As ideias
econômicas de Ciro e do PDT estão próximas do antigo nacional-desenvolvimentismo
dos anos 1950 e 1960, tentado por Dilma e que resultou na recessão de
2014-2016.
Os populistas, de
direita e de esquerda, não valorizam muito os partidos, instituições fundamentais da democracia
representativa. Talvez isso explique a trajetória de Ciro por diversas legendas
e o seu estilo personalista e autoritário, pondo em dúvida sua capacidade de
articular uma ampla base de apoio que lhe desse governabilidade.
Ciro apoiou
aos governos Lula e Dilma, com críticas à aliança com o MDB, ao patrimonialismo
e a aspectos da política econômica, principalmente no governo Dilma.
Pragmatismo?
Na sua
campanha de 2002, Ciro teve como assessor o economista liberal José Alexandre
Scheinkman, que pode demonstrar abertura do candidato a uma gestão econômica
mais pragmática, dada a grave crise econômica do Brasil. (5)
Para
melhor juízo sobre Ciro, seria bom que os jornais trouxessem reportagens sobre
a condução dos governos do Ceará sob a lideranças dos irmãos Gomes.
ANTERIORES:
1 -
BOLSONARO É NAZISTA?
2 –
HADDAD É COMUNISTA?
https://brasildemocraticoesocial.blogspot.com/2018/09/normal-0-false-false-false-pt-br-ja-x_23.html
PRÓXIMOS
TEXTOS:
4-
ALCKMIN É DIREITISTA?
5- MARINA
É COMUNISTA?
NOTAS
(1)
Segundo Ciro, sua filiação ao PDS deveu-se ao seu pai, então prefeito de
Sobral, que encaminhava sua sucessão em 1982 e cujo adversário principal era o
PMDB.
(2) Brizola
chamou Lula de traidor por aceitar o acordocom o FMI e por promover uma
política monetarista sob o comando de Palocci na Fazenda. E chamou o OT de
“abafadores de maracutaia”. O líder do PDT morreu em 2004 e em seu velório Lula
foi vaiado pelos pedetistas. Em 2006, o PDT lançou a candidatura a presidente
da República do senador Cristovam Buarque, que deixou o PT após ser demitido do
Ministério da Educação pelo telefone. Em 2007, sob o comando de Carlos Lupi, o
PDT voltou ao governo Lula.
(3) Luiz Werneck Vianna:
Os paulistas PT e PSDB
(4) Uma boa análise do governo
Fernando Henrique Cardoso foi feita pelo professor Brasilio Sallum Jr, da USP
O Brasil sob Cardoso: neoliberalismo e desenvolvimentismo
(5) Presidenciáveis
repetem erros que geraram a crise, diz economista.
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